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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

feito tela branca

Eu quero uma tela branca
sem precedentes,
sem referências, 
sem traumas, 
sem sucessos... 


nessa tela não existe 
a dependência do objeto 
e no objeto, a forma do título
mas uma forma que se traça 
por si só e não se comunica 
com a evidência ritmada, 
com os fatos, 
com o cordão umbilical 
que me lançou ao mundo. 


Eu vou agora ouvir o silêncio 
como a tela branca 
da existência melódica... 
a canção que existe e 
ainda está por ser 
tocada em mim...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

sem título


O que é estar dentro de outrem?
Sexo de quê?
Eu agora quero ser assexuada, vamos tentar?
Eu quero experimentar a outra camada do prazer. O não-gozo. Sua própria interjeição.
Eu faço da minha película mais fina uma fogueira, porque quando a visão se contorce, o calor distorce o desejo. Eu vou queimar ela inteira, até a célula morta.
Não me veja assim, pois eu posso partir para um mundo que não é meu e eu já vi. Quando penso nela em mim, sinto o rasgo e as partes todas se esfacelando em miúdos, os grãos que você ainda não viu.


Porque existe essa gravidade e ela faz dos alvos por si só, faísca de nada, cadência amortecida por terra infértil? Essa é a palavra que cala... e eu não vou calar. Eu vou imaginar agora uma faísca que não cai, nem dissipa, fica pendurada no ar, tal como a faísca em elevação de uma oferenda que atravessa a porta do sol.
Consigo ver-me em muitas daqui. Ainda como camada fina, mas agora eu cheguei na última, não aquela primeira que parece fácil de ver. Eu atravessei todas as camadas. Essa só se pode ver com o avesso e entre elas há um segredo... 
Escute bem, venho tentando comungar-me com o silêncio, mas eu fiz da minha casa uma fogueira e agora terei que adaptar minha visão ao calor do distorcido e minha audição aos estalos. Estou falando de uma desconstrução atrelada a desordem, a negação contraparte do sim. O oposto. O avesso de uma ordem e também sua interjeição.








continua...