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domingo, 28 de outubro de 2012

se cada palavra que pensas
se convertesse em emoçao
se cada acorde inaudito
exalasse mais do que sons
e sim vivências bonitas
em forma de cançao
se o plano futuro se convertesse
em presente
e a voz, potência fosse
para plantar

alguma verdade
nos seres carentes
se a máquina parasse
e os pés se movessem
avante, sem cessar
e a dúvida no que nao há
fortalecesse o intento
do que se deseja,
teríamos
mais sentidos do que teorias
mais percepçao do que agonia
mais paciência do que pressa
mais proveito do que espera
e viveríamos o presente
sem projetar além do que
se faz plenitude em si
tampouco negaríamos a memória
as lembranças tristes
as ofensas, os tropeços
o que ensina pelo difícil
e pela beleza
e nos forma nesse agora

porque só agora
somos capazes de perceber
que em cada ''se''
existe um SIM presente
convertido em vida.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

cortinas de mandalas

uma voz  brota
da raiz dos pés
te percebo
de soslaio e inteira

uma gata se enrosca 

em minhas pernas
depois nas tuas

e linhas cadentes 

tecem
teus dedos
nos meus

comunico olhos

enquanto me miras
também de soslaio

bailamos com o brilho

da tocha acesa

existem memórias em nossos olhos,

- já nao somos as mesmas

a tocha chamusca

e agora nos olhamos inteiras
sem soslaios

porque quando essa voz ressoou 

um portal se abriu
e escolhemos viver
a transformacão...

de tudo o que procuramos

o que se sente adentro
emocão

os dias nos chegam

e são suficientes
um beijo da vida
e nos pomos contentes
a bailar esse encontro


nossa motivacão por viver 

esta na propria vida


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Além das fronteiras vejo o infinito apontar. O mapa é bonito quando se quer traçar. Nesse rio tem uma história
que ressoa imensidão: Deus está em muitos lugares. Os ponteiros do relógio são flechas vagarosas. Os dias do ano é uma invenção mentirosa e se você acreditar, seus pés te farão voar...
A vida vem se manifestando todo o tempo. Quando a lua cresce e se poe lá no alto me percebo, não como ser isolado
estancado na memória, mas como vida que se manifesta nesse momento para comungar. Instrumento de poder, vida a se libertar... 



Córdoba - ARG

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

no balaio de vestes o personagem carece de luz acesa

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você sente o consílio
se fechar sobre o manto
que cobre o corpo diminuto
em precariedade
sob um céu voraz?


o corpo engole
uma, duas, três
vestes bem ornadas
e vomita pérolas
sobre um tapete
de trapos e remendos


quando consigo captar
uma fração líquida
desse olhar teu
sinto o flagelo
das almas preenchidas
de anverso no verso


mas quando tu estendes
as mãos pequenas
em cilíndricas ondas
antes éter, agora mel fresco
vejo-te almejar um canto
numa sala clareada de girassóis


e não adiantas o passo
se é rasa a vértice
e movediça


a luz artifício
que deságua quando
a onda rarefeita acorda
o corpo silencioso
é linda


e finda
o pensamento estendido
num varal colorido
de vestes bem ornadas


no balaio de vestes
o personagem carece
de luz acesa



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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

escuta de lua minguante

se um dia
na relva verde de um forro
na escadaria de um palácio
ou na solidão morna 
de um quarto
sentir-se menos embriagada
pergunte ao relógio
às estrelas, à lua
a que tudo fala, que geme,
que rasteja
nas pequenas coisas que
grandes virtudes perpassam
qual é o feito que lateja
no caminho da omoplata
no olho que dilata
a realidade banal
do que te cerca

de quem te conta

menos embriagada 

de dois elos partidos

o sorriso parido que
beija a imensidão

do contato constato

que de fato meu tato
te incita o incesto

na labuta, esquecido

os cães de carnaval 
devoram suas lembranças

o peito bate forte

-tu parece menino pequeno
 descobrindo a imensidão

nos olhos um brilho fundo e

nítido
perpassa a multidão
os gritos inauditos
os solos e as celas que virão

uma teia ferina 

que te cega
que te sina
batucando o coração

não te contes só o martírio

dentro, forte, um vestígio
e a constatação

pensar é um fascínio

mas no teu corpo tem um filho
que te pare 
imensidão



Zé, eu.



segunda-feira, 3 de setembro de 2012


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se posso dizer-te algo
digo que a tarde cái
e as cores são várias
tragando uma nuvem
distante e espessa

o barulho existe
mas podes calá-lo
com um simples gesto

quando a noite chegar
o menino dos teus olhos
te trará uma canção

tentarás mais de uma vez
a argola no entorno

e cansarás do tesouro
de cristais
diante do homem

mas não te afogarás em tua agonia

porque quando a noite chega
vem com ela os mistérios
e bem o sabes

que o canto da noite
traz o rito, a miragem
a brandura do silêncio
que se cabe 
indivisível

em ti

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

passará, pra sarar


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o caminho se refaz
no sonho estendido
na pétala que morre
no sobro do vento
que sentirei acarinhar

a pedra no caminho
nunca foi impedimento
para os olhos atentos

se chuta, estende o dedo
se dói procura um realejo
a borda preenchida 
cilíndrica
no convés da ferida

cria a casta
expele a casca
é se vê sarar

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domingo, 26 de agosto de 2012



oboé, tambores
corpos, labores
e meia duzia de 
tangerinas frescas
nas mesas


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

filigranas nos sentidos


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os sentidos
nunca serão
nome, enquadro, quina

como pensam os descrentes
que só viajam 
nos seus carros de realejo

é preciso acionar os olhos
quando as luzes são acesas

filigranas nos sentidos 
para ver através do sólido 

sentir a transparência 
é deixar-se atravessar

como fazer nascer da ametista
violetas
e da terra a própria vida

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olhar e perceber
perceber e sentir
sentir e viver
viver e olhar
olhar e perceber

perceber e agradecer
pedir licença e avançar
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