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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

passará, pra sarar


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o caminho se refaz
no sonho estendido
na pétala que morre
no sobro do vento
que sentirei acarinhar

a pedra no caminho
nunca foi impedimento
para os olhos atentos

se chuta, estende o dedo
se dói procura um realejo
a borda preenchida 
cilíndrica
no convés da ferida

cria a casta
expele a casca
é se vê sarar

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domingo, 26 de agosto de 2012



oboé, tambores
corpos, labores
e meia duzia de 
tangerinas frescas
nas mesas


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

filigranas nos sentidos


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os sentidos
nunca serão
nome, enquadro, quina

como pensam os descrentes
que só viajam 
nos seus carros de realejo

é preciso acionar os olhos
quando as luzes são acesas

filigranas nos sentidos 
para ver através do sólido 

sentir a transparência 
é deixar-se atravessar

como fazer nascer da ametista
violetas
e da terra a própria vida

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olhar e perceber
perceber e sentir
sentir e viver
viver e olhar
olhar e perceber

perceber e agradecer
pedir licença e avançar
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terça-feira, 14 de agosto de 2012

segunda-feira, 13 de agosto de 2012


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essa aparição é como lenda que sussurra
como a brisa que viaja ao sabor do tempo

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sábado, 4 de agosto de 2012

destino em desatino

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Mergulho no mistério do destino
e percebo:
a validade do futuro 
é a brecha que ilumina o intento
no instante


é a vida manifestada
e sublinhada na constante imersão
do mergulho inevitável


no reverso
e no verso


o destino é a brecha que ilumina
o instante do crescer de uma árvore
de uma flecha que corre motivada
com velocidade estonteante


o que só existe quando se acorda
para um sonho que se formula
com a memória a se esvair 
durante o dia


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num instante alvorada

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um candeeiro 
esquenta o dia recém nascido
antes que a terra comece a ser clareada 
por feixes brandos de temperança


levanto da cama 
o ventre na terra
com poros  sabulosos 
germina a planta dos pés
e as bandas do pensamento 


um passarinho 
numa árvore majestosa
ressoa seu canto

e então os vários outros 
na orquestra crescente de 
árias sob feixes suaves
se alinham


sinto o consílio 
que clareia a manhã do novo dia


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uma ampulheta chega
no intento da suavidade
escorrendo o tempo
em minha cabeça
de amplitude telúrica


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