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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Segundo

:..:..:

São onze horas de toda manhã
tomo café e mastigo a sensação
se que os ponteiros se estendem
as horas se lançam
- posto que aqui é possível viver mais -

Trafego pela pirambeira íntima
esta minha epiderme reflexa
lançada ao chão dos atalhos
de poros, lama e luz
que caminho sobre mim
(pinsando-me em expansão).

Um piano ressoa entre bananeiras
e um pássaro preto inside:
seu som é mais natural

Quem vai ligeiro
encontra o fim rápido.

:..:..:

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Latente

E se nua, insinua, esvanece
agora bate incerto:
pula, pulsa, mientras permanece


"Em algum lugar dentro de seu cérebro, ele pareceu sentir o cheiro da madressilva mais uma vez, apesar de nenhuma das flores ali ser perfumada e o único cheiro existente ser um fraco odor de escapamento de diesel"


Pulsa, carece
flama pêlo dedo
sente a sede na saliva


...declama enquanto inflama
no chão a cama, aclama


e chama a chama...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Instante

Existem inúmeras maneiras de falar da mesma coisa.

Existem diversas goteiras insistentes.

Existem diversas bacias acolhedoras.

Num canto do quarto um múrmurio contrastante
num canto da sala o silêncio do entardecer
ou amanhecer, já que as primeiras horas se fazem agora.
É noite de um novo dia,
do entardecer de uma bela noite.

Um risco de fósforo,
o trago da vida.
A lâmpada bem encaixada numa corda de colares
azúis, brancos e todas as cores...





Cabides se deixam suspensos, imovéis.


domingo, 11 de julho de 2010

II - Enraizado e fluido

Olhando daqui de dentro, colhendo de mim, me vejo inconstantemente apaixonada... pelo que vivo sei, mas se esvaira tão repentinamente que por vezes me pergunto em que realidade se encaixa. Palpável sei que é, mas agora longe e um tanto vazia me questiono até onde chega e que realidade é essa que só se mostra preenchida enquanto lateja existente... e num compassar de segundos e na minha solidão tenho e vejo apenas a mim: fiel e descobridora de mim mesma.
Se o real soluvelmente se faz nas horas e que horas podem denominar eternidade, creio. De paixões imediatas que como ondas se fazem e como ondas se vão, como um sopro que atinge e se dispersa.

Um relógio e seu ponteiro me vejo agora: O dos segundos, que eloquente procura completar seu ciclo, mas que ao chegar já está em outra hora.

sábado, 10 de julho de 2010

I Enraizado

Olhando daqui, da minha janela azul desbotada das horas, a noite mais parece um velcro que me fecha, me inunda, me dilacera... Essa noite que seria calma se não fossem os cachorros que latem incessantemente em comunhão; carros que passam esporádicos, porque a hora demasiada da noite e cedo da madrugada os faz assim. E na fotografia urbana o mosaíco de casas do outro lado da rua, que até a semana anterior se fazia apenas conhecido daqui, da minha janela azul desbotada e um tanto poética... num conhecimento mais do que imaginado, mas vivenciado, lá, do outro lado, me deu a conclusão de que a poesia não atinge todos porque só alguns tem o dom de tornar lúdico um tormento.