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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

no balaio de vestes o personagem carece de luz acesa

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você sente o consílio
se fechar sobre o manto
que cobre o corpo diminuto
em precariedade
sob um céu voraz?


o corpo engole
uma, duas, três
vestes bem ornadas
e vomita pérolas
sobre um tapete
de trapos e remendos


quando consigo captar
uma fração líquida
desse olhar teu
sinto o flagelo
das almas preenchidas
de anverso no verso


mas quando tu estendes
as mãos pequenas
em cilíndricas ondas
antes éter, agora mel fresco
vejo-te almejar um canto
numa sala clareada de girassóis


e não adiantas o passo
se é rasa a vértice
e movediça


a luz artifício
que deságua quando
a onda rarefeita acorda
o corpo silencioso
é linda


e finda
o pensamento estendido
num varal colorido
de vestes bem ornadas


no balaio de vestes
o personagem carece
de luz acesa



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Um comentário:

  1. Belíssimo poema, Alana Barbo, paralelismo semântico perfeito entre os dois últimos versos da sétima estrofe e a estrofe final, além do poema ser todo sincopado numa costura perfeita entre o todo e as partes. Linda inspiração! Abraços! Manu

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